O uso da tradução no ensino e
aprendizagem de línguas estrangeiras (LE) vem sendo debatido no campo da
Linguística Aplicada (LA). Professores, linguistas e pesquisadores, por um
lado, afirmam que a tradução é um “método” ultrapassado e ineficaz, com falhas
graves e influências veementemente negativas. Por outro lado, também defendem
que ela pode contribuir de forma efetiva no ensino, especialmente como uma
estratégia de aprendizagem ou técnica de ensino, sendo ainda considerada como a
“quinta habilidade” (COSTA, 1988, p. 289; WELKER, 2003, p. 5; ROMANELLI, 2006,
p. 5). Os prós e contras são consideravelmente muitos. No entanto, existe um
consenso de que hoje se discute o uso da tradução não como uma abordagem de
ensino, mas sim como uma estratégia que, em conjunto com outras, visa a
contribuir para um ensino de línguas mais abrangente, permitindo o uso das
cinco habilidades, a saber: compreensão oral/escrita, produção oral/escrita,
tradução. (JOSÉ PINHEIRO DE SOUZA. Universidade Estadual do Ceará. <http://www.gelne.ufc.br/revista_ano1_no1_27.pdf>)
Dentro da minha prática de
ensino, não defendo a tradução-literal como um "método" eficaz.
Todavia, entendo a tradução como parte do dia a dia da aprendizagem de qualquer
língua estrangeira. Afinal, impossível não verter automaticamente e, várias
vezes, da maneira mais literal possível, para a língua materna. Por essa razão,
a tradução não pode ser excluída. O que deve ser evitado é a tradução literal
como exercício em sala, ou para casa.
Explico: Nada de entregar um
texto enorme, ou frases soltas, e um dicionário Inglês/Português,
Português/Inglês e esperar que o aluno, brilhantemente, produza uma super
tradução, cheia de sutilezas linguísticas e expressões idiomáticas.
O aluno não produzirá nada, ele
só repetirá palavras com/sem sentido, de forma não contextualizada, de forma
distante da maneira que o mesmo aluno utilizaria a linguagem em uma situação
semelhante àquela ocorrida no texto.
Uma tradução só é tradução quando
se reconhece nela a sua própria linguagem, não apenas a sua língua.
No 9º ano, começamos hoje um
trabalho de melhor uso da tradução. Com base no texto” An interview”,
utilizamos as 'PALAVRAS CHAVES", além da análise do gênero textual, para
elucidarmos o foco do texto. Após obtermos essa resposta, após a compreensão de
que o texto trata de uma entrevista, partimos para as considerações e análises
que nos levaram a perceber a tradução mais próxima do que entendemos por nossa
língua.
Como o método aplicado em sala
foi uma conversa sobre o texto e, como as opiniões foram dadas unicamente de
forma oral, pedi para que os alunos trouxessem suas conclusões acerca do texto
de modo escrito. Ou seja, na próxima aula, terei uma gama de traduções
diferentes, mesmo sendo o mesmo texto. Cada aluno, sem fugir ao tema, terá sua
visão aplicada à maneira como melhor lhe aprouver a contextualização do
assunto.

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